Sobre esse tal de “hygge”

Em um daqueles nem sempre fáceis caminhos de volta para Copenhague, na livraria do aeroporto de Lisboa, dou de cara com um, não, com dois livros em português que celebram a onda feel good/autoajuda do momento: o “hygge”. Palavra dinamarquesa que, como o cafuné brasileiro, não teria tradução em outros idiomas, hygge é uma sensação que…

Minha vida de marciana

No voo de volta da minha viagem mais recente ao Brasil, assisti ao filme ”The Martian” que eu traduziria literalmente como “O Marciano” em vez de “Perdido em Marte”, como foi feito no Brasil. Gostei do filme e o que mais me inquietou nele foi tentar me ver naquela situação de isolamento, solidão e falta…

Já é Natal, ufa!

Estamos a mais de um mês para o 25 de dezembro, mas já estou me sentindo como se hoje fosse 26 de dezembro. É que, na Dinamarca, o Natal chegou há mais de um mês. Estávamos na terceira semana de outubro quando quinquilharias natalinas começaram a aparecer em lojas e supermercados dinamarqueses. Uma amiga que…

Doces, travessuras e um milhão de abóboras

Acabei de voltar do supermercado onde fiz as compras para a semana. Como não quero perder a popularidade entre as crianças do bairro nem entre os amigos da minha filha, comprei alguns quilos de balinhas e caramelos para os que amanhã baterão à minha porta gritando “doce ou travessura”, como manda a tradição do Halloween….

Para que os refugiados continuem bem-vindos

Neste fim de semana fui à demonstração no centro de Copenhague que reuniu mais de 30 mil pessoas para dar boas-vindas aos refugiados. Antes de sair, me perguntei se realmente fazia sentido participar daquela manifestação e se o nome dela, “Refugees Welcome” (Bem-vindos refugiados), não seria um engodo. Nesses dias, o drama dos refugiados, principalmente…

Aniversário real

A Dinamarca comemora hoje os 75 anos de sua rainha Margrethe e, há dias, os jornais, canais de televisão e sites daqui não param de falar das festividades, que já duram uma semana. Como sempre acontece nos dias de aniversário de membros da família real, os ônibus urbanos em todo o país circulam nesta quinta-feira…

Brasilienses fora do plano

Aqui da Dinamarca, semanas atrás li com inveja artigos e comentários sobre a série de televisão “Felizes para sempre?” rodada em Brasília, minha cidade natal, e que foi exibida semanas atrás pela TV Globo. Sou da primeira geração de brasilienses e me alegro por ver que produções televisivas e cinematográficas vêm mostrando ao resto do…

Opinião pessoal

Algo que é extremamente irritante sobre ser uma mulher estrangeira num país como a Dinamarca é que algumas vezes é difícil avaliar se alguém fala com você algo que não faz sentido porque você é uma mulher ou porque você é uma imigrante ou simplesmente porque ele (geralmente se trata de um “ele”) não é…

A personal opinion

(A Portuguese translation of this text will come soon) A damn annoying thing about being a female foreigner in a country like Denmark is that sometimes it is difficult to judge if someone talks nonsense to you because you are a woman or because you are a migrant or simply because he (it is usually…

O tal clima natalino

Você anda na rua e vê um bando de gente vestindo a mesma cor. Volta e meia, dá de cara com adolescentes, crianças e, de vez em quando, até mesmo adultos, usando um gorro vermelho com um pompom na ponta. Nas lojas e no rádio, o tema das conversas e das músicas é o mesmo…

A cidade sobre duas rodas

Dias atrás, passeando por Copenhague, ao ver obras para alargamento de ciclovias e faixas para os ônibus, me lembrei de uma conversa que tive com um amigo dinamarquês. Ele havia se surpreendido com o sucesso que um vídeo havia feito entre brasileiros. O vídeo, produzido pela jornalista brasileira Claudia Wallin, mostra um juiz sueco que…

Rotina das pequenas coisas

Diante da luz vermelha na faixa para pedestres, olho para um lado, olho para o outro e, como não vejo carro à vista, meu primeiro impulso é atravessar a rua. Mas, quando me lembro que aqui não preciso me sentir uma idiota por esperar pelo sinal verde na faixa de pedestres, me detenho e só atravesso…

Arrogância de letrado

O pequeno incidente com o Senhor Doutor Engenheiro Químico que relatei meses atrás frequentemente volta à minha cabeça por conta de notícias e observações que tenho reunido. Daí resolvi catalogar a história do ”sou engenheiro e consigo ler as instruções” numa série que também inclui o famoso ”sabe com que é que você está falando?” e o…

Química ruim

Em férias em Brasília, fui visitar o planetário da cidade, reinaugurado poucos meses antes, na companhia da minha filha, irmã e sobrinhas. Toda contente por poder fazer um programinha legal com minha filha na minha cidade natal, me acomodei com ela em dois dos últimos lugares ainda disponíveis, um pequeno sofá onde já estava sentado…

Rede social pode fazer mal à saúde

Ando meio desligada e fugindo do Facebook. Publico pouco na minha linha do tempo e tenho evitado olhar minha página de notícias. É um comportamento atípico para alguém que trabalha com mídias digitais há mais de dez anos e vinha usando rotineiramente o Facebook bem antes da rede se tornar popular no Brasil. Ando ocupada,…

Manda um empregado!

Dia desses tive de cumprir o ritual de ir ao escritório de uma firma prestadora de serviços de saúde para solicitar autorização para realizar alguns exames médicos de rotina. Na recepção, uma funcionária me avisou que eu poderia encaminhar o meu pedido naquele momento mas que, provavelmente, só poderia buscar a tal autorização no dia…

Vizinha de muitos amigos

“Elisa estava mais feliz do que pinto no lixo. Ela e o marido haviam acabado de se mudar para um apartamento em Copenhague, bem maior e melhor localizado do que a lata de sardinhas onde tinham sido obrigados a viver durante meses depois da chegada dela do Brasil. Sua nova casa tinha dois quartos, uma…

Sobre nossa dificuldade em dizer não

Imagine que você tem uma filha adolescente adorável que vai fazer aniversário em breve. Você organiza uma festinha e convida os colegas da classe dela para a comemoração. Todos confirmam presença. Você, animada (o), encomenda bolo, doces e salgadinhos, compra refrigerantes, faz uma decoraçãozinha e providencia tudo o mais que é necessário para uma tradicional…

Não dá para ser menos concreto?

O caso que contei na postagem anterior me fez lembrar um artigo que li há algum tempo sobre a diferença entre as línguas latinas e as germânicas. Escrito por dois professores universitários dinamarqueses, o artigo, intitulado “Dinamarqueses pensam muito concretamente (minha tradução para “Danskere tænker meget konkret”), compara a ênfase que as línguas latinas dão…

Não dá para ser mais concreto?

Conviver com estrangeiros tem contribuído para me entender melhor como brasileira e compreender algumas das minhas dificuldades de adaptação ao modo de ser dinamarquês. Uma queixa que tenho ouvido com alguma frequência de conhecidos estrangeiros que estão vivendo no Brasil é sobre a dificuldade que eles têm de arrancar de um nativo uma resposta objetiva e clara…